UMA ÁRVORE E UMA ROSEIRA

UMA ÁRVORE E UMA ROSEIRA Já colhi muitas frutas de quintal E de pomar semeado por mim, Mas rosas, Eu as colho no reseiral. As rosas que me enviaste, Nascem de uma figueira? De uma oliveira? De um pé de jacarandá? Ou de um pé de árvore encantada Que só existe para quem tem olhos Que sabem desvendar, Que sabem olhar mais além? Neste pedaço de chão. O poético se agasalha E, vagarosamente, Vai nos afagando o coração. Uma árvore e uma roseira Que poderiam ser personagens De uma fábula de La Fontaine, Tal como “O Carvalho e o Caniço”, Mas esta árvore, Diferente do carvalho, Tem singular sabedoria: Nutre a roseira que lhe abraça O seu velho e já cansado tronco, E a roseira, cheia de gratidão, Enfeita-lhe o tronco generoso, Com flores e perfumes, em profusão. E assim, Unidas, árvore e roseira, Roseira e árvore, Tornam-se mais belas e atraentes Aos olhos de quem passa, Olhos que as veem e as desvendam, Pois sabem olhar mais além.