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PAUSA PARA UM RESPIRADOURO, AFINAL...

Segundo Gaston Bachelard, a vida precisa de uma fresta através da qual passamos para a fantasia. Isso mesmo, precisamos sair de férias das rotinas cotidianas e dos ásperos absurdos da convivência social. Para isto não precisamos de viagens, hotéis, restaurantes, divertimentos e compras que nos extrapolam o orçamento. Precisamos apenas de imaginação, vontade e ação.

Pois bem, durante minhas férias, também aproveitei para ler mais, escrever sempre, ouvir muita música, muito silêncio e assistir a filmes como “Amadeus”, “Sob o Sol da Toscana”, Doutor Jivago”, “Casablanca” e “O Carteiro e o Poeta”. Estas obras de arte provocam em mim um êxtase. Fico maravilhada com toda a produção e me abasteço de todas as possíveis lições de Vida e de Arte que elas me proporcionam. A emoção é tão forte diante de certas cenas que, sem hesitação, pauso e fico rememorando o que acabei de ouvir e ver, deixando que tudo tanja os meus sentidos. Às vezes vou às lágrimas porque vou a fundo na experiência assistida. Às vezes exulto, vivenciando a glória do efeito nascido de um olhar, uma frase, um silêncio.

Música e Literatura, na Sétima Arte – o Cinema, harmonizadas em um filme confeccionado e movido pela paixão e pela gana de querer acertar. Trabalhos que contemplam o espectador, por mais exigente que ele seja. A magia nos arrebata e perdemo-nos diante da teia sublime que nos leva a perguntar, por exemplo, se Mozart e Pablo Neruda estão vivos? São eles? Philippe Noiret interpreta tão magistralmente o poeta chileno, tudo tão natural e próximo ao que costumamos saber desse escritor que, por comodidade até, insistimos em acreditar que vimos Pablo Neruda interpretar a si mesmo.

“Sob o Sol da Toscana”, uma comédia romântica, mas repleta de realismos, alguns cruéis até, além de encher nossos olhos com bela fotografia e paisagens estonteantes, trata de assuntos como desencontros, separações, infidelidades, diferenças religiosas e homossexualidade, com seriedade, humor e leveza. E, se assim pudermos e quisermos, ainda poderemos apreciar e extrair outros proveitos desse filme sob a direção de Audrey Wells. Assimilaremos, por excelência os seres de alma feminina, aprendizados como perdas, o luto da separação, a elaboração pessoal e o recomeçar. “Sob o Sol da Toscana”, “O Carteiro e o Poeta” e “Doutor Jivago” saem de livros muito bem escritos para se tornarem obras-primas no Cinema. Isto é bom demais.

Escrever aqui elogios aos filmes “Doutor Jivago” e “Casablanca” é perder a oportunidade de dizer a vocês o que mais me encanta assistindo a esses espetáculos. Então, confesso: no primeiro, Omar Sharif, as estepes russas e “Tema de Lara”. No segundo, Humphrey Bogart, como Rick Blaine, Paul Henreid, como Victor Laszlo, o lindo e fofíssimo pianista, o figurino usado por Ingrid Bergman e “As time goes by”. Ah, perdoem-me o romantismo; eu era muito mais jovem quando assisti pela primeira vez a esses filmes. Hoje, aproximando-me dos setenta anos, desculpem-me se decepciono vocês, A EMOÇÃO É A MESMA. Ao som de “Tema de Lara” e de “AS TIME GOES BY”, pensando em Omar Sharif, Bogart, Henreid e no pianista, eu saio bailando pela cidade e até os problemas e as picuinhas da vida ficam menos difíceis de serem resolvidos e superados.

Pois é, as trilhas sonoras desses cinco filmes situam-se acima de qualquer suspeita. E quem ousaria, mesmo não caindo no gosto pessoal, dizer algo depreciativo a respeito de tais peças? Quer ficar numa boa? Quer melhorar o astral? Escute Mozart. Escute “As time goes by”. Escute “Tema de Lara” e tantas outras belas canções. São experiências transformadoras para melhor. Aliás, como acontece nos cinco filmes, as canções, embora nem sempre acompanhem cenas alegres, e sustentem cenas de derrocadas, não tem jeito, elas roubam as atenções e se instalam no nosso corpo inteirinho. Minto?


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